Vzyadoq Moe
Vzyadoq Moe foi batizado em Sorocabano final de Abril de 1986 , exatamente 70 anos depois de Dada em Zurique , com uma saudável salada de letras roubadas do acaso. E significou o mesmo: " O primitivismo, o começar do zero, o novo em nossa arte ".A palavra Dada foi adotada por um grupo de jovens exilados, na sua maior parte pintores e poetas abrigados na Suiça e reunidos no Cabaret Voltaire... O nome Vzyadoq Moe foi adotado por um grupo de jovens estudantes então quase todos menores de idade, radicados na cidade industrial interiorana de Sorocaba ( a "Manchester paulistana" ?! ), que gostava de Cabaret Voltaire, do Bauhaus e Joy Division. Nenhum deles sabia tocar sequer um instrumento. No primeiro ensaio, tocaram "coisas fáceis", pinçadas do repertório das bandas acima citadas. Já no segundo ensaio começaram a criar. E, nesse caso, tudo o que começou a aparecer era novidade. Os rapazes aplicavam técnicas de criação sob pressão, sempre acabavam voando latas, caixas de papelão e outros utensílios. Março de 1988. Em breve sai da prensa o primeiro "manifesto vinilista à nação" do Vzyadoq Moe, pela produtora independente Wop Bop, sob o nome O Ápice. Vamos às apresentações: Fausto, vocalista e letrista expressionista de 18 anos; Marcelo e Jaksan, guitarristas, respectivamente 18 e 16 anos; o baixista Edgar, o velho de barba branca da banda, 28 anos; e Marcos, especialista em destruir latas, caixas de papelão e bumbos diversos com suas baquetas, 19 anos.Para compor, alguns métodos nada formais. Edgar: "Qualquer um dos instrumentos pode achar um fraseado, uma sonoridade interessante a partir do caos inicial. Daí, os outros seguem atrás daquela idéia, de improviso, e acabam acertando". Marcelo: "Não existe lei. Às vezes o baixo faz a linha da guitarra, a guitarra marca o ritmo e a bateria define a melodia". Fausto: "Faz-se a costura e a melodia aparece somente quando todos os instrumentos estão tocando". Mrcos: "Tem música em que o baixo é uma terceira guitarra". Fausto: "Minhas letras não são escritas para serem letras. São poemas inspirados no expressionismo arcaico e em Clarice Lispector". Marcelo: "Nossas guitarras são rigorosamente iguais. Não existe aquela história de base e solo. Elas se atropelam, se fundem e fazem o ambiente". Marcos: "Se eu tivesse dinheiro para comprar um kit de bateria normal, eu não compraria. Procuraria investir em pedais e efeitos para completar minhas latas, em busca de melhores timbres". Todos: "Temos medo da tecnologia. Ela pasteuriza tudo. Ela interessa apenas para valorizar o som acústico. O único instrumento digital que utilizamos na gravação foi um sampler, para brincar com a voz e a bateria, mesmo assim muito discretamente..."Entre gravações e mixagens, o Vzyadoq Moe ficou duas semanas no estúdio. Para produzir seu LP de estréia, chamaram o músico, jornalista e integrante do grupo Chance, José Augusto Lemos, o Scot. Este ajudou a definir formas de gravação específicas, orientadas para preservar o clima da música. Marcos: "Nas primeiras tomadas de som, minhas latas pareciam bateria eletrônica. Scot enfiou microfones por tudo quanto é lugar no estúdio, o que permitiu captar todos os timbres com precisão, pela reverberação..."No disco, cada faixa apresenta uma orientação de composição diferente das demais. O som é rústico, "sujo", muitos erros de execução foram incorporados de forma criativa na mixagem. E esse som é nosso. Só ouvindo para conferir.
O Ápice (1989)
1. Junto Ao Céu
2. O Último Designo
3. O Incerto
4. Desejo Em Chamas
5. Redenção
6.
Não Há Morte7.
A Monomania8. O Apice
9.
Guerra Das Sombras10. Expansão
DL: O Ápice (Badongo)
Enquanto Isso...?! (Single) (1990)
2. Santa Brigida
Hard Macumba (1999)
7. Pocesso
8. Santa Brigida
10. Via Plastex
12. Maldade (live)